Uso de antibióticos na nutrição animal

Panorama do uso de antibióticos na nutrição animal
O uso de antibióticos na nutrição animal ocorre desde a década de 1950, quando o sucesso como promotores de crescimento foi descoberto em laboratórios. Contudo, a aplicação excessiva e sem restrições durante anos resultou em resistência dos animais a alguns medicamentos e diversas discussões sobre a transmissão dessa resistência aos seres humanos.
Algumas classes de antibióticos não são criticamente importantes para a saúde humana — como é o caso das tetraciclinas e dos ionóforos —, e seu uso racional não implica grandes riscos. Porém, a classe da penicilina e a dos macrolídeos são amplamente utilizadas na Medicina Humana, o que levou à proibição do uso de Colistina (Poliximina E) e outros na produção animal.
Frente às crescentes medidas legais e as exigências da população para reduzir o uso de antibióticos na nutrição animal, os produtores precisam encontrar alternativas que aumentem a eficiência dos animais, sem prejudicar o seu bem-estar, nem a saúde pública.
Uso de antibióticos como promotores de crescimento
Com o passar dos anos foi demonstrado que o uso de baixas dosagens de antibióticos melhorava o crescimento dos animais. As evidências foram tantas que, em 1951, o Food and Drug Administration (FDA) dos EUA liberou a sua administração na dieta animal sem receita veterinária. Desde então, além de serem aplicados no tratamento de infecções, os fármacos têm sido usados para manter a qualidade da flora gastrointestinal dos animais, sendo administrados continuamente nas rações em quantidade menor do que a que se usa na terapia ou na profilaxia.
Os efeitos da melhora dos índices zootécnicos são consequência da atuação dessas substâncias sobre a microbiota gastrointestinal. Os antibióticos controlam a flora patogênica e, assim, diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento dos animais.
Além do mais, as medicações antibióticas reduzem o tamanho e o peso do trato digestório, o que torna as vilosidades e as paredes intestinais mais finas, aumentando a absorção dos nutrientes. Esses produtos indicados com função de aditivo alimentar são chamados de antibióticos promotores de crescimento (APC), ou antibióticos melhoradores do desempenho animal.
Nesse sentido, o uso de antibióticos na nutrição animal busca, historicamente, alcançar quatro principais objetivos:
obter maior taxa de produtividade e de crescimento;
aumentar a eficiência alimentar;
elevar a resistência a doenças e melhorar a saúde em geral;
diminuir a taxa de mortalidade.
Consequências do uso excessivo de antibióticos na produção de animais
Como mencionamos, a administração de antibióticos como moduladores de microrganismos no trato digestório a fim de obter melhores parâmetros produtivos ocorreu, de início, em doses baixas. Contudo, o uso contínuo diminuiu gradativamente os efeitos dos medicamentos, o que levou à necessidade de doses mais altas e à total dependência do uso de APCs em algumas cadeias produtivas, especialmente as de suínos e aves.
Esse fato culminou no aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, o que se torna um problema quando é preciso utilizá-los para o tratamento de infecções e doenças nos plantéis. Mas não é só isso. O assunto também afeta a saúde pública, motivo pelo qual se tem buscado a redução ou a eliminação de APCs na nutrição animal.
Alternativas para o uso de antibióticos na nutrição animal
Frente à crescente restrição ou remoção do uso de antibióticos nas rações, os produtores precisam encontrar alternativas mais sustentáveis para garantir o desempenho de seus rebanhos e plantéis. Nesse sentido, a nutrição animal se faz imprescindível, independentemente da criação.
Soluções inovadoras em nutrição animal, com o uso de ingredientes de alta digestibilidade e o uso de aditivos que têm foco na saúde gastrointestinal e na imunidade dos animais, por exemplo, são fundamentais para manter a propriedade sustentável, sadia e rentável no futuro.
Os probióticos, prebióticos e leveduras, por sua vez, são produtos formulados a partir de culturas de microrganismos vivos não patogênicos que estabelecem de forma natural o equilíbrio da flora microbiana intestinal dos animais. Eles induzem alterações na população da microbiota existente no organismo, reduzindo a competição por nutrientes, aumentando a absorção e a digestibilidade dos mesmos, além de resguardar a integridade da mucosa intestinal.
Esse mecanismo dificulta a adesão de algumas bactérias e reduz a concentração de patógenos no trato digestório e o quadro geral é de alta no sistema imunológico dos animais. Essa estabilidade na saúde garante os efeitos positivos vistos no desempenho dos animais e, consequentemente, na rentabilidade da produção.
Portanto, fica claro que o uso de antibióticos na nutrição animal deve ser racional e cauteloso, tendo em vista as graves consequências que o abuso pode causar tanto na saúde animal como na humana. A restrição e a proibição de diversos antimicrobianos na agropecuária direcionam os produtores a estabelecerem planos estratégicos para atingirem seus objetivos produtivos, sendo que o foco em nutrição se mostra o mais efetivo.
Texto por: Matheus Canela dos Santos e Helena Martos Romboli
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